Gênero: Portunhol 2

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Era uma manhã de agosto de 1995, carregava o corpo de 17 anos e uma pasta com folhas na mão, andava apressada na UFSM em direção aos prédios básicos, era meu primeiro dia na faculdade. Quando cheguei no 2° andar do prédio percebi que estava perdida, o corredor escuro, frio e com forte cheiro de morcego; estava no túnel e o tempo era o bicho-papão, mas de repente uma luz surgiu lá no fundo, uma porta se abriu, uma moça que conseguiu me enxergar saiu daquela sala e me chamou – Hein colega, colega... Quando cheguei até a luz, vi a sala lotada e parecia que todo mundo já se conhecia, e claro, então me apresentei aos mais próximos; obviamente, deram-se conta que eu não era brasileira, a curiosidade deles aumentara, enquanto que aumentara meu nervosismo e as palavras que queriam sair traduzidas da minha boca logo as engolia. Era um esforço para nada, pois assim que entrou a professora na sala, ela e os 60 colegas cortaram meu silêncio, lá estava eu, no meio do grupo falando ou pelo menos tentando uma boa comunicação: “hola colegas me jamo ´fulana´ e soy a nova BIXA de vocês”. A minha primeira frase na turma causou impressão, todos me olharam de ponta a ponta e principalmente no meio das pontas, logo alguns riram; realmente eu não entendia; pois eu pensava na época que a palavra “bixo” se referia para o gênero masculino e eu me definia perfeitamente como “bicha”.



Espero que o tempo e a situação devam ter esclarecido o engano.


Assim foi esse bendito portunhol maldito que já trocou varias vezes minha personalidade, minha nacionalidade, já me colocou na saia justa. Agora só resta lidar com meu sotaque.

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